Morei em São Leopoldo no Rio Grande do Sul de 1999 a 2004. Neste período descobri o golfe. Esporte que era antes de elite, nesta região em que estava era acessível a muitas pessoa de classe média. Por uma coincidência acabei me associando ao Gramado Golfe Clube, numa cidade maravilhosa, que é Gramado. As idas a esta cidade eram frequentes e as vezes mais de uma vez na mesma semana. Dirigíamos por cerca de uma hora e vinte minutos e entrávamos no mundo mágico do golfe, com a beleza natural da serra gaúcha e a camaradagem dos companheiros de esporte. Foi um período muito bom!
Mas nem tudo são flores. Sempre que estamos desempenhando por muito tempo uma atividade qualquer, seja ela trabalho assalariado, profissional liberal, gerenciando uma empresa ou outra coisa, as vezes nos pegamos em períodos que estamos cansados das atividades, por mais desafiadoras e instigantes que sejam. Com o tempo tudo se acomoda e as vezes incomoda. E numa das “descidas” da serra após um gostoso jogo de golfe, tive uma conversa com um amigo que descrevo a seguir:
Eu trabalhava numa grande multinacional já há algum tempo nesta região e estava de saco cheio da rotina. Comentando com meu amigo, que é dentista, eu reclamava dos problemas de trabalho, que estava cansado, que tinha muita pressão, metas muito altas, etc. Comentei que bom era o trabalho dele. Levantava mais tarde, era dono do próprio nariz, trabalhava quando queria, podia se programar e fazer o que quisesse. A galinha do vizinho sempre parece mais gorda que a sua. E a dele parecia muito boa !
Neste momento ele começou a falar de suas agruras: Se adoece, não recebe. Tem de “ralar” muito para ter um bom padrão. O programar sua vida não é bem assim: Às vezes não dá para fazer, às vezes não. Tem de produzir, senão nada de dinheiro no fim do mês. Reclamou que os custos são altos, que as vezes também fica de saco cheio. Que não é tão vantajoso como eu pensava. O meu sim era bom: vivia viajando. Tudo por conta da empresa. Isto, sem falar nas premiações: Cancun, Disney, entre outros destinos que visitei enquanto morava lá.
Bom! Cada uma chorando suas mágoas, ele veio com um argumento que nunca esqueci e que uso em algumas situações. Ele é ortodontista e me falou que mesmo quando faz tudo certo, há uma probabilidade de 20% dar errado e ele tem que gastar mais tempo do que o previsto, realinhando o rumo do tratamento. Isto sem falar que depende dos seus clientes, na maioria crianças, que não fazem o que é para ser feito. Isto causa atraso nos serviços, insatisfação dos pais, etc.
Ele é muito ético e não faz nada para enrolar seus clientes. Eu mesmo tentei um tratamento com ele pelo diastema que tenho (separação entre os dentes da frente) e ele, com todo rigor ético, vendo que isto não me causava incomodo maior que estética, recomendou tapar com resina: mais barato rápido e garantido! O risco era fazer um tratamento de dois anos que podia não funcionar. Bastava resina e 20 minutos para resolver!
Luciano! Disse ele. Fora isto que falei para você antes, ainda tem algumas “saias justas” que enfrento: As vezes chega uma mãe com uma filha “horrenda de feia” e que não tem problema algum nos dentes e a mãe cismou que a menina precisa de por aparelho, talvez na esperança de melhorar a aparência da filha. No fundo é este o caso. Como você sai desta? Aí vou eu com toda a diplomacia do mundo explicar que os dentes da “guria” não têm problema algum. E por ali eu vou, “costurando” uma boa argumentação para aquela mãe. È uma situação desagradável que as vezes acontece.
Trago este exemplo para nossa vida empresarial com muita frequência. Trabalho com marketing, estratégia e comunicação web (profissão ainda difícil de explicar com uma palavra apenas) e muitas vezes chegam alguns clientes e disparam: Eu quero um site!
Na realidade eles querem dizer outra coisa e parecem com aquela mãe da estória. Na maioria das vezes o que eles precisam é aumentar suas vendas e ouviram falar neste troço mágico que é a internet. Outras vezes precisam mudar ou mesmo montar uma estratégia antes de pensar em comunicar alguma coisa, seja ela no meio físico ou digital, mas não sabem disto.
Precisamos discutir negócios, não apenas fazer propaganda. Temos que discutir estratégias e montar um plano de ação. Em vez disto os empresários tentam remendar com propaganda. Não dá! Uma vez começado um trabalho sério a coisa muda. Engraçado é que na maioria das vezes após nossas intervenções, são desencadeadas algumas mudanças internas nas empresas para que elas se ajustem a cultura da internet e usufruam das novas ferramentas de negócios. Isto é muito rico e proveitoso. Qualquer ação na internet precisa ser planejada. Não é mais como era antigamente. É algo que exige estratégia, planejamento e muito trabalho. Trabalhamos com um plano de marketing digital que engloba planejamento, estratégia e o meio eletrônico como meio de divulgação. Não apenas propaganda. Não apenas um site! Nem uma coisa solta na internet.
Mas, e ai? O que você está precisando? Aparelho dos dentes?
Grande abraço,
Luciano Rêgo